Marcas do solo – Giulia Pita

O que é arte? Um dos problemas clássicos é estabelecer uma definição do que é arte. Nos dicionários sua definição são tantas e tão diversas, que o termo, cada vez mais, evidencia o tamanho da sua complexidade. Mesmo não sendo passível de ser definido por completo, manifesta em diferentes âmbitos, o desenvolvimento, criação de uma atividade que expressa e se baseia em emoções e sentimentos dos artistas. O caminhar por si, é uma arte. O caminhar pode ter diferentes intuitos e formas de expressão. Caminhar para relaxar, aliviar estresses, pensar, decidir coisas, por saúde, e até mesmo como um ato político. Com finalidade ou sem finalidade, caminhar apenas por caminhar já é considerado arte. Para diferentes pessoas, a necessidade de refúgio na caminhada pode ter distintas representações e transformações, tanto para o corpo,  quanto para mente. O escritor francês Anatole France (1844-1924) faz uma comparação entre o fato de colecionar coisas e o caminhar. Ele diz que “é bom colecionar coisas, mas é melhor caminhar. Porque caminhar também é uma forma de colecionar coisas: as coisas que a pessoa vê, as coisas que a pessoa pensa”. Dessa forma, toda caminhada resulta em um processo de coleção e desse processo, a obtenção de conhecimento e de algo que em si, já não se tinha antes. Uma nova paisagem, uma nova história, novas pessoas, novos pensamentos, novas perspectivas e novas formas de enxergar o mundo.

 

A ida para Ilha de Maré com o propósito de caminhar, conhecendo e interagindo com os habitantes e com a natureza, desperta e despertou sentimentos diferentes do que antes sentidos em caminhadas por locais conhecidos. A ida para um local com intuito apenas de caminhar, gera um processo de autoconhecimento, inspiração e coleção, que foi sentido por todo o grupo participante da caminhada. Risadas, cansaço, conversas, distrações, plenitude, conhecimento e descoberta do novo e do outro. Esse trabalho, portanto, com a representação do mapa da ilha de Maré com fotos dos diferentes tipos de solo encontrados durante os dois dias de caminhada, retrata a diversidade existente tanto na arte, no caminhar, quanto na subjetividade presente em cada um.

 

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