A arte de caminhar não se trata da chegada à um destino. O destino pode ser o final de uma caminhada, mas é o seu percurso que faz dela singular. As caminhadas feitas em Ilha de Maré, me levaram a produzir duas telas em tinta acrílica, uma para cada dia. São retratos do que vi e senti durante o percurso.
No primeiro dia eu estava imatura, inocente e ansiosa. Era um dia de sol quente. Adentramos a mata fechada, andamos na lama e respiramos ar puro e úmido. As cores estavam saturadas, vivas. Havia muito verde, alguns pontos vermelhos, amarelos das flores e dendê. A primeira caminhada ficou marcada por diversas pegadas das pessoas do grupo.
O segundo dia estava frio e chuvoso, me senti mais preparada para ousar outras formas de caminhar. Engatinhei, saltitei e arrastei os pés desenhando na areia. A caminhada foi realizada pela praia e havia uma certa calma nos tons de azul e cinza que nos rodeava. As pedras marcadas pela água do mar davam a sensação de reflexo, como se eu estivesse entre um mar de água e um mar de pedra. Sentir a caminhada, de fato foi mais aproveitador do que simplesmente correr até meu destino final.