O entretempo, ou o tempo de caminhar entre um lugar e outro. Tempo em que o corpo se estabelece entre o céu e a terra e que a mente toma consciência da força de resistir através dos sentidos que transmutam atos universais a significados particulares.
Os caminhos, abstratos e concretos, mentais e físicos, são estreitamente particulares a cada um.
Não existe mundo externo percebido inteiramente igual, nem mente que teça a mesma teia de pensamentos em uma mesma sequência.
No entretempo, podemos estar na mente e no corpo simultaneamente, mas sem predominância de nenhum sobre o outro.
O diálogo perfeito da concomitância e ausência.
Observações, lembranças, planos, a mente e a paisagem são caminhadas, esquecidas, reformuladas, transmutadas, e tudo num mesmo período de tempo.
A paisagem reflete o ser e o ser se vê na paisagem, mas tudo passageiro e obedecendo a um ritmo de fluxo.
Fluxo temporal que não somos capazes de definir com clareza, nem sequer muitas vezes compreender ou aceitar, mas que inegavelmente estamos imersos e positivamente obrigados a conviver.
O lugar do entretempo é infinito, constante, ‘impermanente’ e influencia toda nossa experiência humana.